complicacoes locais

As complicações locais associadas ao PICC abrangem as flebite, a infecção local e a trombose.
Entende-se por Flebite como sendo a inflamação das células endoteliais da parede venosa por fatores mecânicos, químicos ou infecciosos. É uma complicação que pode prolongar a hospitalização, caso não seja tratada precocemente, e cuja incidência varia entre 5 e 26% nos PICCs. Essa taxa é considerada baixa, se comparada àquela verificada nos cateteres periféricos, cuja incidência é de 65%. A flebite mecânica é a complicação mais observada com PICC, ocorrendo em resposta a um trauma durante a inserção, retirada ou movimentação do dispositivo no interior do vaso, e torna-se evidente de 48 a 72 horas após a inserção ou retirada do dispositivo.
A flebite química decorre de infusões que agridem a parede da veia e está diretamente relacionada à infusão de soluções ou medicamentos irritantes diluídos de modo inadequado ou à mistura de medicamentos incompatíveis, infusão muito rápida e presença de pequenas partículas na solução. É raro ocorrer este tipo de flebite com o uso de um cateter venoso central (CVC), pois a extremidade deste dispositivo termina em uma grande veia e a infusão é rapidamente diluída pelo volume de sangue contido nestes vasos, mas pode ocorrer se a ponta do cateter estiver malposicionada, em veias com menor fluxo sangüíneo.
A flebite infecciosa é a inflamação da parede interna da veia associada à infecção por microrganismos. Os fatores que contribuem para o seu desenvolvimento incluem técnica asséptica inadequada durante a inserção ou manutenção do cateter, falha na detecção de quebras na integridade do dispositivo, fixação ineficaz do cateter e falha na avaliação do local de inserção.
Dentre os fatores que reduzem a ocorrência de flebite inclui-se a utilização do cateter 3 Fr, a inserção pela veia basílica, o posicionamento da ponta do cateter na veia cava superior,  pouca movimentação durante a introdução do dispositivo, adequada fixação do PICC para evitar retração na veia e monitorização dos pacientes com baixos níveis de plaquetas, uma vez que essa população é mais susceptível a esse tipo de complicação. A infecção, cuja incidência varia entre 2 e 3%, pode estar relacionada à contaminação microbiana da infusão ou do cateter, sendo esta a fonte mais comum das infecções locais. Se o paciente apresentar febre, deve ser investigada sepse relacionada ao cateter. A infecção pode ser prevenida por meio de técnica asséptica durante a inserção e manutenção do cateter e pela observância das orientações estabelecidas pela INS ou pelo Centers for Disease Control for the Prevention (CDC) quanto ao tempo de duração da infusão, tempo de permanência do cateter e critério de troca de equipo. As formas de aquisição de microrganismos na ponta do cateter são relacionadas a punção, colonização da pele a partir
de soluções contaminadas, mau funcionamento da entrada de ar no filtro e entrada de microrganismos no sistema pelas conexões do cateter ou acessórios. É importante orientar os pacientes e cuidadores quanto às manifestações clínicas de infecção e comunicá-las
à equipe de saúde. A trombose é causada pela aderência de plaquetas e fibrinas que obstruem o cateter e o lúmen do vaso. Na prática, alguns fatores que podem levar à formação do coágulo incluem traumas nas células endoteliais da parede venosa; interrupção da terapia por tempo prolongado, refluxo de sangue pelo cateter,velocidade lenta de infusão e estados de hipercoagulopatias causados por câncer ou diabetes. A incidência de trombose venosa relacionada ao PICC varia de 4 a 38%. Allen et al.(16) constataram que 57% das tromboses ocorreram na veia cefálica. As possíveis razões para esta incidência foram o menor diâmetro da veia cefálica quando comparada à basílica, o aumento da lesão endotelial ao acessar uma veia de menor calibre e o fato de a veia cefálica ser tortuosa na parte superior do braço, dificultando a passagem do catéter.